SOS (Vanessa Thomaz)


 Imagem capturada no Google Images

SOS
(Vanessa Thomaz*)

O pedido de ajuda pode ter muitas caras.

Pode ser um grito desesperado de alguém que chegou no seu limite. Que escancara com toda a força a sua dor. Um basta! Como se o corpo todo gritasse que não aguenta mais.

Pode ser um sintoma que surge sorrateiro... um tique nervoso... um tremor... um medo paralisante... aquilo que a boca não fala, mas o corpo manifesta.

Pode ser um sussurro... um som quase inaudível... um leve e tímido ruído... um murmúrio... um cochicho... vem do fundo da alma e revela que a ferida sangra.

Pode ser um olhar perdido no nada... sem expressão... um olhar de alguém que não tem mais esperança... um olhar que não pulsa, apenas espelha o vazio.

Pode ser uma atitude apática e indiferente diante de tudo. Ou melhor, a falta de atitude diante da vida revelando que aquele sujeito ali dentro desistiu de vir a ser.

Pode ser, ainda, um comportamento inconsequente e transgressor que, muitas vezes, põe em risco a própria vida... o exagero na bebida ou na velocidade... uma busca por adrenalina na tentativa de anestesiar o que se sente.

Seja qual for a roupagem do pedido, é imprescindível a existência de um outro empático, solidário e generoso que veja e escute este clamor.

Que não passe apressado demais, que se disponha a olhar de verdade... que se prolongue numa escuta interessada... que enxergue um pouco além do que aquilo que os olhos veem...

Não precisa ser um profissional da área de ajuda e nem tampouco ser treinado para tal, mas carece de um respeito genuíno pelo humano que habita ali.

* Vanessa Thomaz participou do Curso de Escrita Criativa (2019)

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