Matéria bruta (Ruth Piveta)
(Foto: Melina Gorjon)
Matéria
bruta
Ruth Piveta*
Tem açúcar
derramado
Sobre a
mesa.
Espalhou-se,
Em um tanto
de partículas
Enquanto
pela manhã adoçava um café.
Tem açúcar
derramado
Sobre a
mesa.
Como eu
Derramada,
espalhada
Entre
milhões de lugares
Que
necessito habitar.
Tem desejo derramado
Sob a pele.
Vivo,
encarnado
Insubordinado.
Essa coisa
de cheiro
Tato, corpo.
Essa coisa,
Deslumbrada
e estupidamente real.
O desejo é
selvagem, meu bem,
Não
reconhece leis.
E tem medo,
Exalando
pelos poros,
Derramando-se
como gotas
Que escorrem
do meu corpo
Em forma de
suor e lágrima.
Há tanta
coisa,
Circulando
Entre nós,
como nós
(ou laços)
Que nem ouso
nomear.
* Participou do Curso de Escrita Criativa (Turma 1/2018) da Prosa - Cursos e Consultoria
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