Dois poemas
(Foto: Edinéia Périco)
A partir de hoje,
publicaremos a produção das participantes do
Curso de Escrita Criativa 2016.
O assassinato da papoula
(Edinéia Périco)
Há quem mate
uma papoula para roubar-lhe o veneno
na proporção
exata que envenena
um corpo
alheio.
Causando o
estilhaço de algum coração certeiro
que calará a
alma
por ouvir o
som do sino na igreja do vilarejo.
Faz-se o
cortejo, faz-se a fila,
com rumo
sorrateiro, calado, cabisbaixo ao lado do madeiro.
Cores
sombrias, ainda que haja sol,
falatórios que dizem tanto sem nada dizer,
apenas uma
pausa de prosa até o adeus.
Que seja na
terra,
que tenha
profundidade para representar a distância
que trará a saudade.
Um corpo
agora dormente.
Só não dorme
em alguma mente,
que mente de
forma romântica
na tentativa
de encurtar a distância.
Que seja na
terra,
que seja um
canteiro,
um canteiro
de papoulas
que mate a
dor na proporção exata do coração que se estilhaçou.
Agora o som
do sino soa,
e tem efeito
como veneno de uma papoula.
Quem matou a
papoula?
Quem
roubou-lhe o veneno?
Quem fará
calar o sino,
que faz o
estilhaço de um coração
toda vez
toda vez que o ele soa?
Os mares nos mundos
e os mundos dos
mares
(Ileizi Fiorelli)
O mundo é
feito de muitos mundos
Uns dentro dos
outros.
Uns acima ou
abaixo dos outros.
O escuro das
florestas é um mundo.
A lua é um
mundo.
O fundo do é
um mundo
Ah! O fundo do
mar!
O Silêncio e a
calma do fundo das águas salgadas!
As cores, os
desenhos, as esculturas, os peixes, os corais que habitam mares! Ah!
Ah! A sedução
das sereias!
Tudo isso
compõe esse mundo dos mares.
Sem contar as
marés altas e baixas e as explosões das ondas nas pedras.
E os mares com
nomes bonitos?
Egeu, Morto, Pacifico, Vermelho.
E os mares e
suas cores?
Azul, verde, cinzento, ferrugem.
E os mares e
suas praias?
A dos Ingleses, do Pipa, de Jeri, do Calhau, do Além.
Quantos
mundos!?
Quanto Mar?!
Há, penso,
tanto mar em mim e em você!
Um dentro do
outro.
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