Sinal dos Tempos (Rosana de Andrade)
SINAL DOS TEMPOS
Você já ouviu
falar em ariá, guandu, taiá, jacatupé, beldroegra, embaúba, trapoeraba,
capiçoba? Talvez. Mas, é provável que seus antepassados sim. Essas são algumas
das 10 mil espécies de plantas que há 100 anos atrás existiram no mundo e que,
hoje, estão reduzidas a 170 por questões comerciais da agroindústria.
Quando criança,
meus pais, sensíveis e conscientes, ensinaram-me a provar de tudo. E, olha lá,
eram curiosos e verdadeiros pesquisadores de bons hábitos alimentares. Mesmo
fazendo careta ou dizendo que jamais comeria novamente, tinha que conhecer.
Essas iniciativas e atitudes ficaram registradas na memória, assim, o paladar
sempre esteve aberto a novas “vivências”. A mais recente foi “Suflê de Bidens”.
Que tal? Nada mais é do que “ Suflê de Picão”. Sim, isso mesmo, aquele que você
encontra no jardim, no terreno baldio, na beira da estrada. Chamado de mato,
inços ou erva daninha. Está ali, disponível e acessível, a qualquer um e a
qualquer hora.
Cores, sabores,
texturas e aromas inéditos para a grande maioria, comuns e originais para
outros. Algumas pessoas chegam a sentir água
na boca só em pensar nas “ Folhas de Peixinho” passadas no ovo e fritas, como é
o caso de muitos mineiros. A minha dúvida agora é se vou primeiro saborear o
“Arroz de Cuchá” ou o “Charuto de Folhas de Caapeba “.Pratos incomuns, sim, mas
extraordinários com certeza, com foi o “
Suflê de Bidens”.
Trazidas pelo
vento, pelos pássaros ou pelos homens elas são plantas nativas, são nossas. São
a essência do que é verdadeiramente natural. Através delas podemos resgatar
hábitos saudáveis e viver momentos inesquecíveis para nós e para as futuras gerações. Elas são as
PANC’s – Plantas Alimentícias não Convencionais e, apesar de serem citadas em
cartas do Brasil colônia, são novas para nós, por isso, consumidas somente
com conhecimento e moderação. Uma
oportunidade de olhar a natureza com outros olhos em toda sua exuberância,
riqueza e abundância.
Elas têm vida
própria, são espontâneas, resistentes, sobreviventes, guerreiras. Superam o
estresse vivido com o excesso ou a falta de água. Enfrentam ou conectam com o calor, o frio e as
parasitas. São ricas em nutrientes, proteínas e sais minerais. Fartura de
energia vital para todos nós, seres vivos deste Planeta Terra. Elas podem, eu
sinto, habilitar, nutrir e nos ensinar a viver nesta nova época .
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