A partir de agora, você, caro leitor deste blog, poderá acompanhar a produção dos participantes do Curso de Redação Criativa da Prosa - Consultoria de Textos. O poema "(des)garrados" é resultado de um exercício de escrita coletiva realizado durante uma das aulas. 


(des)garrados




passos mínimos

dança de tímido

dois e dois

quatro por quatro

esse embalo corre doce

distantes pés atrapalhados

lado a lado, dois

vice-versa

e o que se dançava

de certo, não era uma valsa

valsa já dancei, tango também, salsa vai vem



II



RUÍDO

sapatos em valsa

que rasgam o assoalho quente

um pensamento diferente

são dois prá lá, dois prá cá

vamos

a música continua

às avessas, vira a página

roda a moça

como roda a vida

são caminhos, desencontros

juntos os pés voltam a linha

se cruzam, se juntam, se misturam,

vai vem, uma dança única, solitária, dupla

roda a moça, roda a vida

num eterno recomeço



III



pés tesos em movimentos bruscos

pés inertes

mente

dor –

mente

verdadeira mentira mente,

sem solução, branda tensa,

é leve por dançar

mas chumbo às avessas

segue travessa sem revelar

o passo descompassa sem parar

e os pés que doem

teimam em tombar

trombas de elefantes descalços,

escassos somos pares.

Vale a pena trombar meu pé no seu?



IV



pés obtusos



des



                                 garra





                  dos



                  SOU



               GARRA





                  sou isso que vem e vai
                  na valsa, somos pares desunidos

                 



para cima

para baixo

para esquerda

para direita

leve, livre, salta, solta; solto e volta



pés que vão

vai

e FICAM






foto: Karen Kohlmann Barbosa

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