A partir de agora, você, caro leitor deste blog, poderá acompanhar a produção dos participantes do Curso de Redação Criativa da Prosa - Consultoria de Textos. O poema "(des)garrados" é resultado de um exercício de escrita coletiva realizado durante uma das aulas.
Os autores são: Daniele Lupo, Fischer Seixas, Juliana Polippo, Karen Kohlmann Barbosa e Rosana de Andrade .
(des)garrados
passos mínimos
dança de tímido
dois e dois
quatro por quatro
esse embalo corre doce
distantes pés atrapalhados
lado a lado, dois
vice-versa
e o que se dançava
de certo, não era uma valsa
valsa já dancei, tango também, salsa vai vem
II
RUÍDO
sapatos em valsa
que rasgam o assoalho quente
um pensamento diferente
são dois prá lá, dois prá cá
vamos
a música continua
às avessas, vira a página
roda a moça
como roda a vida
são caminhos, desencontros
juntos os pés voltam a linha
se cruzam, se juntam, se misturam,
vai vem, uma dança única, solitária, dupla
roda a moça, roda a vida
num eterno recomeço
III
pés tesos em movimentos bruscos
pés inertes
mente
dor –
mente
verdadeira mentira mente,
sem solução, branda tensa,
é leve por dançar
mas chumbo às avessas
segue travessa sem revelar
o passo descompassa sem parar
e os pés que doem
teimam em tombar
trombas de elefantes descalços,
escassos somos pares.
Vale a pena trombar meu pé no seu?
IV
pés obtusos
des
garra
dos
SOU
GARRA
sou
isso que vem e vai
na valsa, somos pares desunidos
na valsa, somos pares desunidos
para cima
para baixo
para esquerda
para direita
leve, livre, salta, solta; solto e volta
pés que vão
vai
e FICAM
foto: Karen Kohlmann Barbosa
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